TOLERÂNCIA
NO NOVO TESTAMENTO
O
objetivo deste opúsculo é inquirir se os escritores do Novo Testamento
reconheciam um corpo de doutrinas definido e permanente, dado por Deus para a
igreja de Cristo. Indagaremos ainda qual a atitude deles para com ensinamentos
que contradiziam esse corpo doutrinário e divergiam dele. Colocando em outras
palavras, seria o Novo Testamento tolerante para com a pluralidade teológica?
Augustus
Nicodemos Lopes, Ph.D., é brasileiro, casado com Minka Schalkwijk. É pastor presbiteriano.
Fez mestrado na África do Sul, e doutorado no Westminster Theological Seminary,
em Filadélfia, nos Estados Unidos, com cursos especiais em Kampen, na Holanda.
Atualmente
é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Recife, além de ser conferencista
e escritor de obras teológicas.
“... é
perfeitamente claro nos escritos do Novo testamento que os primeiros cristãos
eram conscientes de que estavam vivendo tempos de cumprimento das antigas
promessas, quando Deus estava revelando Sua verdade em Seu Filho Jesus Cristo,
recebida e anunciada pelos apóstolos e registrada nas Escrituras.”
“Há um motivo
que se destaca acima dos demais no processo de surgimento dos escritos do Novo
Testamento. Boa parte dele foi produzida em reação à invasão de falsos
ensinamentos nas primeiras comunidades cristãs.”
“Em resposta à
propagação do erro os apóstolos e seus associados produziram material que se
destinava a expô-lo, refutá-lo e a instruir e fortalecer os crentes na verdade
do evangelho. Ou seja, o que motivou o surgimento de boa parte do Novo
Testamento foi a convicção de que Deus havia revelado a verdade e que em
algumas comunidades cristãs a mentira estava sendo instalada.”
“A Igreja
Cristã, desde seu início, teve que lutar pela preservação da verdade.”
Sobre as 7
Igrejas da Ásia: “Considerando que estas eram igrejas existentes na época em que o
Apocalipse foi escrito, pode-se supor que um dos alvos da obra era exatamente
corrigir-lhes a falta de vigilância e zelo doutrinário.”
“Doutrina é o
nome que os Evangelhos dão ao ensinamento de Jesus Cristo. É a tradução da
palavra grega didaquê, que significa instrução, ensino ou o próprio ato de
ensinar.”
“Doutrina é
verdade transmitida de forma autoritativa e recebida em confiança.”
“Os escritores
do Novo Testamento também percebiam que a Igreja não somente era a depositária
da revelação de Deus, a sã doutrina, mas também a responsável por preservá-la.”
“Nas Epístolas
Pastorais, Paulo enfatiza ... o papel do presbítero como guardião e preservador
da verdade, destacando seu papel como mestre, I Tm 3.2; 5.17. e sua missão, de ´exortar
pelo reto ensino` e de ´convencer os que o contradizem`, Tt 1.9.”
“Muito embora
usado de forma pejorativa em alguns círculos, o termo “guardiões da sã
doutrina” cabe perfeitamente neste contexto para definir aquilo que os
escritores inspirados desejavam que os cristãos fossem.”
“Apostatar, no
Novo Testamento, é afastar-se da pregação e ensinamento apostólicos como
resultado de uma mudança de pensamento, e levantar-se em rebelião aberta contra
Deus e contra Sua verdade revelada, com o objetivo de pervertê-la.”
“...os
escritores do Novo Testamento operavam a partir da convicção de que havia
verdades fixas e imutáveis, desviando-se das quais as pessoas colocavam em
perigo sua própria vida.”
“A
salvação eterna e a participação em Cristo são prometidas somente aos que
perseverarem até o fim.”
“...não
haverá salvação para aqueles que se afastarem da verdade, uma vez que a
conheceram.”
“Ser
verdadeiro é estar em acordo com a realidade dos fatos. É proceder de Deus.”
“Ao se
referirem ao evangelho como sendo verdade, os apóstolos de Cristo estavam
deixando claro que todo ensinamento contrário a ele é erro, mentira, engano.”
“...o
fato de que a cosmovisão dos escritores do Novo Testamento era diferente da
nossa, não torna necessariamente irrelevante tudo o que escreveram.”
“Curiosamente,
as Escrituras do Velho Testamento foram produzidas através de muitas diferentes
culturas, como a egípcia, mesopotâmica, babilônica, persa, romana e judaica, e
mesmo assim, conservou unificado seu corpo central doutrinário.”
“Podemos
concordar que o nosso conhecimento é, e sempre será, limitado pela nossa
humanidade e pecaminosidade. Entretanto, essa realidade não implica na
impossibilidade de conhecermos o que Deus nos revelou e termos certeza de que
conhecemos.”
“Os
reformadores, que reconheciam as limitações impostas pela queda à capacidade
humana de conhecer, professavam com a mesma boca e no mesmo fôlego a sua
confiança de que, através das Escrituras, pela iluminação do Espírito, os
crentes podiam chegar ao verdadeiro conhecimento de Deus, isto é, da verdade.”
“Nossa
posição é que a atitude dos autores do Novo Testamento para com a revelação
divina serve de modelo para a Igreja Cristã em todas as épocas e lugares. Como
tal, ela pode fazer afirmações teológicas ou elaborações doutrinárias que sejam
consideradas como verdadeiras e válidas em todas as épocas e lugares.”
“Sistemas
teológicos, como as confissões de fé reformadas, são mais que mero testemunho
da fé dos antigos. Ela incorporam a reflexão da Igreja através dos séculos de
forma proposicional e válida.”
“Admitimos
o fato de que a teologia é “aberta” pois trata-se de uma tentativa humana e
falível de sistematizar as verdades eternas reveladas por Deus nas Escrituras
infalíveis e inerrantes.”
“...as
... Escrituras trazem um sistema doutrinário coerente e único, embora
apresentado de forma e em ênfases diferentes”
“Os
escritores do Novo Testamento reconheciam um corpo de doutrinas dadas por Deus
como revelação final, imutável e permanente para a Igreja de Cristo.”
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